domingo, 24 de junho de 2018

A regência do verbo ir

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Hélio Consolaro*

Regência é uma palavra derivada de “rei”, de quem tem o comando. O maestro é regente de uma orquestra, comanda os músicos para que os sons sejam produzidos harmonicamente.

Na construção de uma mensagem em língua portuguesa, há as palavras que mandam e as que obedecem, passando ou não pela preposição. Exemplo: Gosto de doce. “Gosto” é a regente, porque pede uma outra iniciada com a preposição “de”. Já “doce” é a regida, atende a “gosto” para que ela fique completa.

Na cadeira do Banco do Brasil, o verbo IR (vai) aparece duas vezes: “Vai ao banco?” e “Vai no App” (aplicativo do celular). Na regência da gramática tradicional, o certo seria “Vou à escola” (como: Vai ao banco?), com a preposição “a”; na regência popular, fala-se “Vou na escola” (como: Vai no app). Por que o publicitário usou as duas regências no anúncio do Banco do Brasil? “Ao” e “no”.

Na frase “Vai ao banco?”, entende-se comparecer, dirigir-se a um local. Já na frase “Vai no app”, ela é sinônima de “Use o app”. Mas os publicitários gostam de fazer jogo de palavras, trocadilhos, em seus slogans. Então foi usado o mesmo verbo (“ir”) com regências (“ao” e “no”) e sentidos diferentes (comparecer e usar).

Não houve erro algum.   

*Hélio Consolaro é professor de Português
https://aracatubaeregiao.com.br/benditalingua

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