Hélio Consolaro*
Regência é uma palavra derivada de “rei”, de quem tem o
comando. O maestro é regente de uma orquestra, comanda os músicos para que os
sons sejam produzidos harmonicamente.
Na construção de uma mensagem em língua portuguesa, há as
palavras que mandam e as que obedecem, passando ou não pela preposição.
Exemplo: Gosto de doce. “Gosto” é a regente, porque pede uma outra iniciada com
a preposição “de”. Já “doce” é a regida, atende a “gosto” para que ela
fique completa.
Na cadeira do Banco do Brasil, o verbo IR (vai) aparece duas
vezes: “Vai ao banco?” e “Vai no App” (aplicativo do celular). Na regência da
gramática tradicional, o certo seria “Vou à escola” (como: Vai ao banco?), com
a preposição “a”; na regência popular, fala-se “Vou na escola” (como: Vai no
app). Por que o publicitário usou as duas regências no anúncio do Banco do
Brasil? “Ao” e “no”.
Na frase “Vai ao banco?”, entende-se comparecer, dirigir-se
a um local. Já na frase “Vai no app”, ela é sinônima de “Use o app”. Mas os
publicitários gostam de fazer jogo de palavras, trocadilhos, em seus slogans.
Então foi usado o mesmo verbo (“ir”) com regências (“ao” e “no”) e sentidos
diferentes (comparecer e usar).
Não houve erro algum.
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