Os apaixonados por nosso idioma afirmavam num passado recente que a palavra “saudade” não tem tradução noutra língua, era um sentimento bem lusitano, próprio de nossa cultura.
O estudioso que mais se aprofundou nos estudos etimológicos do português foi Antenor Nascentes. E no verbete “saudade” de seu Dicionário Etimológico, não economizou tinta para defini-lo. Dicionário de 1932, reimpresso em 1955, tão raro em nossos dias, embora seja muito reproduzido no Dicionário Houaiss.
A etimologia mais provável da palavra “saudade” é ter origem latina, em “solitate”, que deu “soidade” (ainda em uso em galego), que passou a saudade por analogia com saúde, podendo ter havido um processo de elaboração e fixação literárias do termo. A hipótese de origem árabe tem sido defendida sem sucesso por alguns estudiosos.
Seria ufanismo dizer que a palavra “saudade” é uma particularidade da língua portuguesa, querendo revelar, com isso, a superioridade de nosso idioma. Todas as línguas têm suas particularidades em diferentes níveis de análise, portanto, é comum que cada língua possua palavras ou expressões ou construções que são intraduzíveis numa língua diferente. Daí surgir os empréstimos linguísticos, principalmente nestes tempos de globalização.
Até Cazuza repetiu o chavão em sua música “Saudade”:
“Saudade / É uma palavra / Saudade / Só existe na língua portuguesa/ Saudade de Val vendendo pó na esquina/ Saudade do que nunca vai voltar”.
Se não houver uma palavra específica para traduzir “saudade” noutros idiomas, pode existir aproximações. Além disso, quando se fala de uma palavra, é necessário ter em conta o seu contexto, e, por outro, a relação de palavras com o mesmo radical.
Podemos até nos orgulhar de que “saudade” não tem tradução noutras línguas, mas o português também não consegue traduzir palavras de outros idiomas. (Base de pesquisa: site português Ciberdúvidas.)
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