segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Dicionário: pai dos inteligentes

Hélio Consolaro*

No caderno Vida, Folha da Região, edição de 15/4/2010, houve uma reportagem sobre o uso do dicionário no ensino de línguas estrangeiras, que teve como referência a tese de doutorado da professora de italiano Ângela Maria Tenório Zucchi, defendida na USP.

Alguns professores de língua estrangeira, segundo ela, valorizam a consulta a dicionários no ensino e outros a consideram desnecessária, pois o contexto oferece o sentido das palavras desconhecidas. Se o texto a ser traduzido for escrito, instrumento de estudo para o aluno (artigo sobre Biologia, por exemplo), o uso do dicionário é quase indispensável para se ter mais precisão técnica na tradução.

No ensino da língua-mãe, que também se aprende pelo contexto, o uso do dicionário é muito importante. Não se defende aqui a dependência quase compulsiva do dicionário, mas ele é um banco considerável de dados disponível ao usuário.

Antigamente, o dicionário era chamado de “pai-dos-burros”, porque o ensino valorizava exageradamente a decoreba. Quem não conseguia memorizar era burro, por isso, recorria aos dicionários, uma espécie de cola.

Hoje, com os novos paradigmas educacionais de que se ensina a pesquisar, mostrar caminhos, aprender a aprender, memorizar é uma tarefa delegada ao computador, como o esforço físico foi delegado ao guindaste. Assim, o dicionário é o “pai dos inteligentes”, pois é um banco de dados que não pode ser desprezado.

O estudante e o profissional de nível universitário devem ter um dicionário completo em casa ou no seu escritório (de papel ou digital), daqueles enormes, porque o pequeno serve até o ensino fundamental ou carregá-lo na bolsa para algumas emergências, pois é um banco restrito de dados.

Então, caro leitor, consulte o dicionário à vontade. Se estiver lendo um texto no ônibus, na sala de espera de um consultório, procure entender as palavras desconhecidas pelo contexto ou pergunte à pessoa que estiver ao seu lado. Quem pergunta quer aprender, e ninguém sabe tudo, por isso a interação, a troca de informações é benéfica, é a socialização do saber.

*Hélio Consolaro é professor de Português, jornalista, escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.

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