Hélio
Consolaro*
Santo Antônio |
A
reunião estava bem produtiva, eu projetava eslides na parede, explicava sobre a
literatura caipira, quando uma pessoa me chamou do lado e me disse:
-
Antônio Cândido se escreve com acento, o Antônio dele é sem acento.
Em
voz baixa, agradeci, pois não haveria de deixar o assunto para enveredar-me
numa polêmica paralela.
Na
verdade, ambos estavam certos: eu, em pôr acento circunflexo em “Antônio
Cândido” e ele, em me corrigir.
Há
gente que segue religiosamente a grafia da certidão de nascimento da pessoa,
com erro, inclusive, porque escrever “Antonio” sem acento é não seguir nosso
sistema ortográfico.
A
pessoa que estava vendo em meus eslides “Antônio Cândido” com acento faz parte
dessa corrente, porque é formado em Letras, não é ignorante no assunto, conhece
como os conhecimentos linguísticos se constroem. Apenas estava querendo impor a
sua verdade.
O
jornalismo impresso respeita a ortografia da certidão de nascimento da
personalidade noticiada enquanto ela viver. Rachel de Queiroz teve seu nome
escrito assim pelos jornais até falecer,
depois de sua morte, passaram a registrar Raquel de Queirós conforme o atual
sistema ortográfico.
Eu
pertenço a uma corrente que faz a correção ou adaptação ortográfica em qualquer
situação. Apenas em documentos oficiais que a ortografia do registro de
nascimento deve ser respeitada, daí eu ter escrito “Antônio Cândido” com
acento, embora o registro de nascimento do ilustre crítico literário e
ex-professor da USP registre Antonio sem acento.
Na
minha visão, Antônio deve aparecer sempre acentuado, independente da certidão
de nascimento.
Ainda bem que a sua visão é simplesmente um detalhe pífio na realidade. Nomes devem obedecer o desejo da família e não ao imperativo gramatical tosco, cuja ignorância ou consciente desprezo são responsáveis pela poesia cotidiana.
ResponderExcluirEntendam, nobres leitores, que Na Espanha e na Itália por exemplo, não existe acento circunflexo. Por esse motivo, pessoas como eu, que tenho o nome do meu avô, filho de pais que eram recém chegados de lá, obviamente puseram esse nome nele sem acento e assim continuou de maneira correta SEM acento. Ninguém tem que deixar o nome com a grafia portuguesa. Se assim fosse, teríamos que traduzir quem tem o nome de Charles, para Carlos.
ExcluirPorque será que em Portugal se escreve Antônio com acento agudo(António)?
ResponderExcluirPorque em Portugal optaram pela lógica: O acento agudo segue o tom e não o timbre. É um artifício que permite falar tanto aberto como fechado e dar a acentuação timbre duplo. Infelizmente, no Brasil, complica-se tudo: por desdém, optou-se por colocar acento circunflexo em tudo que soe fechado. Uma dessas coisas estúpidas que permite aos falantes escreverem como fala e entrou no acordo ortográfico. Ora, quem escreve como fala é semi-analfabeto. Se não houvesse políticos para homologar o idioma e sim gramáticas, como ocorre no inglês, as diferenças seriam mínimas. O inglês não conta com uma academia brasileira ou uma academia de ciências. Ele é homologado por gramaticas internacionais e isto tem funcionado muito bem.
ExcluirCorreções: "a acentuação", escreva-se "à acentuação". "escreverem como fala", escreva-se "como falam".
ExcluirBom dia!
ResponderExcluirMeu nome completo é Joel Antonio. Faço questão de me identificar como antonío, pois é o correto, acredito. Pode me corrigir, por favor?
Meu sobrenome Cândido, deveria ser escrito a acento. Pois, é italiano. Mas, no Brasil, escreveram com acento.
ResponderExcluirMeu filho é Antonio sem acento e essa escrita deve ser respeitada
ResponderExcluirConcordo plenamente, vivem colocando acento no "Antonio" do nome do meu filho também. Se o nome da pessoa se escreve sem o acento é sem o acento que deve ser escrito. Nome próprio não tem que ser alterado a bel prazer da escrita de onde vive.
ExcluirQueremos tornar o nome próprio em nome comum. O nome próprio não segue regra gramatical.
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