Hélio Consolaro*
Eu havia perdido o compasso da polêmica, quando
Bié, O Prosador, de Campinas-SP, me cutucou por e-mail para que eu desse minha
opinião. Fui pesquisar a origem do surgimento da lei n.º 12.605, de 3 de abril
de 2012. E percebi que jornalistas e intelectuais em vez de informar,
preferiram a mentira, foram partidários sem nenhuma ética.
Há gente perdendo a sensatez, partidariza qualquer
discussão, e basta a tese não ser da sua turma, para não concordar. Mais lamentável
quando isso ocorre com jornalistas, escritores e cronistas renomados que
rebaixam o seu prestígio, pondo-se a serviço de teses insustentáveis,
escondendo os fatos. Não é o amor que é cego, é a paixão, principalmente a
paixão ideológica.
Assim, bastou Dilma Rousseff usar, ao se referir ao
seu cargo, o feminino “presidenta”, que é dicionarizado desde 1913 no “Novo Diccionário da Língua
Portuguesa”, de Cândido de Figueiredo, que os opositores, apenas para contrariar,
caíram na defesa do uso masculino “presidente” para homem e mulher, para ser do
contra assumiram uma tese machista. E aí, como escreveu o professor Juscelinoem seu site:
“surgem os mais estapafúrdios
argumentos sem nenhum apoio na norma gramatical. Foi o que se deu com o
conhecido cronista Ruy Castro em coluna opinativa no jornal Folha de S. Paulo”.
Quanto à lei n.º 12.605, de 3 de abril de 2012, que
determina o emprego obrigatório da flexão de gênero para nomear profissão ou
grau em diplomas, tomam a mesma atitude, escondem a verdade apenas para pichar
a presidenta.
Em 11/11/2009, quando Dilma Rousseff não era nem
candidata a presidenta do Brasil, a senadora petista Serys Slhessarenko - PT/MT
– protocolou o projeto de lei 6383/2009 que foi transformado em lei em 2012,
depois de pareceres favoráveis pelas comissões pertinentes, compostas pela
oposição e por homens.
A nova lei fala de profissões e diplomas, não regulamenta a língua portuguesa. Se houver as duas formas, que se use masculino ou feminino, em vez de prevalecer o machismo. Se for mulher, será denominada no diploma de “médica” e se for homem, ”médico”. Se há um erro da presidenta, foi sancionar o óbvio, mas nem sempre o óbvio é respeitado.
No caso de substantivos comuns de dois gêneros, a
lei não atingirá: jornalista, por
exemplo, é usado para ambos os gêneros. Recomendo a leitura do capítulo do
eminente gramático Adriano da Gama Cury no livro "Para falar melhor o
português" intitulado "O machismo na linguagem: a concordância
nominal".
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