Hélio Consolaro*
Usar demais o gerúndio deixa o texto com péssima
qualidade, como: "Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo numa
perspectiva melhor, ficando mais claro..."
Mas, ultimamente, o
gerúndio é empregado na sintaxe portuguesa do Brasil por contaminação da
sintaxe inglesa. E segundo os antigerundistas, tudo começou nos serviços de
telemarketing, como: "Eu vou estar mandando um fax" ou "Vou
estar telefonando em breve". Traduziu-se: 'We'll be sending it
tomorrow" por "Nós vamos estar mandando isso amanhã". O
atendimento das moças do telemarketing contaminou a fala das pessoas. Trata-se
de um estrangeirismo na sintaxe portuguesa.
Ouros exemplos:
"Vamos estar mandando isso amanhã" (uso impróprio do gerúndio) /
"Vamos mandar isso amanhã"/ "Mandaremos isso amanhã" (usos
próprios).
Em Portugal, usa-se
mais o infinitivo, em vez de gerúndio, mas ambas são formas nominais do verbo.
O português teve trajetórias diferentes nos dois países, pois o Brasil recebeu
negros, havia aqui os índios, depois vieram os imigrantes europeus, árabes e
orientais, por isso ganhou várias contribuições. Em Portugal, o estrangeirismo
é tratado com mais rigor, enquanto isso no Brasil é impossível, pois a
população é plural, principalmente no Sudeste e Sul. Composta por muitas
nacionalidades e raças.
Usar o gerúndio
indevidamente é tão grave quanto escrever marketing e show, sem aportuguesá-los,
mas evitá-lo a todo custo é uma atitude não recomendável. O estrangeirismo
(deixar a palavra como ela é escrita na língua de origem) reflete outras situações, como a dependência
econômica e cultural do país. Não se corrigem influências por decreto. Procurar
culpados não é o caminho correto.
É horrível mesmo.. da dor de ouvido. Legal, pois não sabia disso, que vem do inglês. Legal que no inglês não é estranho..
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