quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Mississipi, Missisipi: crônica de um erro

Hélio Consolaro*

Segundo Monteiro Lobato, que escrevia muito para jornais, erros são como sacis, depois de muitas revisões, ele aparece no outro dia nas folhas impressas do jornal, mostrando a língua, rindo da gente.

Isso aconteceu recentemente. O Sesc Birigui-Araçatuba estava promovendo uma série de shows com a vinheta “Mississipi & Tietê”, o encontro dos rios pelo blues e pela moda de viola. Tudo feito com muito esmero.

No primeiro show, eis o painel no palco, o prospecto dos espetáculos nas mãos dos espectadores, mas “Missisipi” (com três esses). A regra diz que não há dois esses e cedilha na mesma palavra e que a letra esse entre vogais tem o som de zê, nas Mississipi é uma palavra inglesa. E eu não atingi a excelência do saber, sou monolíngue.

Olhei aquilo, fiquei incomodado. Não ia sair do espetáculo para consultar o Google em meu celular. Noutro dia, constatei o erro.

Assim fui estragar a alegria de um produtor cultural, Wanner Mussato Rodrigues, por meio do “Messenger”. O cara queria bater a cabeça na parede, por que fui fazer isso com ele, que eu havia perdido todos os votos da família nas próximas eleições. Até que entramos no clima de gozação. O sujeito erra, eu sou o culpado porque descobri o erro.

No espetáculo da semana seguinte, tudo refeito. O erro caiu nas costas do arte-finalista e o prejuízo ficou com a empresa de comunicação.

Para evitar isso, recomenda-se que se faça a revisão de um texto no outro dia, deixando-o dormir no computador (antigamente, na gaveta). Com certeza, vai descobrir erros não vistos no dia anterior depois do distanciamento. Sem isso, os olhos não enxergam o erro, há cooptação.

Se estiver com pressa, leia o texto em voz alta para si mesmo ou peça para alguém fazer a revisão. Esse alguém não precisa ser exímio conhecedor da língua, ele emprestará apenas os olhos dele, estranhos ao texto, para detectar alguns erros, inclusive os de digitação.


Com esses conselhos, com certeza, errará menos.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras

Um comentário:

  1. Dias atrás quase cometi um erro semelhante. DESASSOSSEGO!
    VOCÊ,CONSA, É DEMAIS, SÔ!!!!

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