Hélio Consolaro*
As palavras aparecem, desaparecem, mudam de sentido. Assim
aconteceu com a palavra composta “meia-sola”. Eu estava cruzando as palavras numa
grade de jornal, quando me pediram a seguinte palavra: “conserto improvisado ou
precário”. Era a tal de “meia-sola”, com hífen.
Por que usar o famoso tracinho? Porque é criada uma nova
palavra, juntando duas, ganhando um terceiro sentido, como o figurado de
conserto improvisado ou precário.
Nesse sentido, a palavra “meia-sola” continua sendo usada,
mas no comum, de remendo que substitui a parte anterior da sola de um calçado
(procedimento de pobres, época dos sapatos de couro) não é conhecido das novas
gerações, pois atualmente as solas são sintéticas e há predomínio do uso de
tênis, não se faz mais remendo em sapatos, aliás, raras são as sapatarias
de consertos.
Atualmente o nome “meia sola”, sem hífen, é a meia com sola
ou nome de loja. Um jovem até emprega “meia-sola” no sentido figurado de
conserto improvisado, mas se lhe perguntar o sentido real, comum, de remendo na
sola do sapato, nem imagina como era.
Assim caminham a humanidade e também as palavras.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.
É Consa, as coisas mudam, o tempo passa, mas as palavras ficam e são incorporadas ao dicionário. Só ouso discordar quando diz que a meia-sola era coisa de pobre, pois antigamente se usava calçado até o fim, reparos eram feitos nas sapatarias (que até existem ainda...aqui em Perdizes há 2 perto de casa), nada era descartado, one-way. Ainda hoje levei um tênis pra colar o solado e olha que comprei esse Reebok em Brasilia, há quinze anos e não o troco por nada, ando com ele todos dias no Parque d'Água Branca...Gostei do seu meia-sola. Abs
ResponderExcluir