Hélio Consolaro*
O
grupo de teatro “Os mancomunados”, de Araçatuba, apresentaram por várias vezes
a peça “Nós de nós mesmos”, uma produção coletiva, com escrita final de Laerte
Silva Jr., Luciana Tomie e Ramon Olsen, cujo espetáculo só foi permitido para
maiores de 18 anos.
Nó |
Já
ouvi pessoas comentarem: “Eles são deles mesmos! É isso?” Não se trata de
pronome pessoal do caso reto: eu, tu, ele, NÓS, vós eles. Apenas o segundo
“nós” é pronome.
Quem
assiste à peça percebe que o primeiro “nós” indica o plural do substantivo “nó”
(sensação de opressão, espécie de aperto na garganta ou no estômago, geralmente
devido à tensão ou a forte emoção). Traduzindo: as dificuldades criadas por nós
mesmos, às vezes, não achamos a ponta da tira para desatar o nó.
Vários nós |
Essas
palavras que têm a mesma escrita, a mesma pronúncia, são homônimas, como
“manga”: fruta, peça do vestuário, tromba d’água. Com certeza, o uso de “nós”
com dois sentidos diferentes no título foi proposital, porque numa obra de arte,
bem urdida, nada está nela gratuitamente.
*Hélio Consolaro é professor de Português, jornalista e escritor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário